domingo, 16 de março de 2008

Radiohead vs Mirror Mask

A história envolve uma protagonista adolescente, Helena, filha de artistas de circo e que, ao contrário de muitas crianças, deseja apenas uma vida normal. Nas suas horas livres, demonstra talento para ilustração e nos seus desenhos constrói um mundo imaginativo. A relação conflituosa com a mãe e a vida de circo mostram-nos uma jovem que passa o tempo em fantasias escapistas, e não é de estranhar então que os seus sonhos ir-lhe-ão abrir outras portas, a um mundo onde a palavra realidade não se aplica. Não fossem os sonhos um dos temas favoritos de Gaiman, proporcionando-lhe episódios férteis de criatividade. Neste universo paralelo onírico, Helena aprende a verdade sobre as leis que regem esse mundo, ameaçado por uma rainha das trevas que procura por uma filha perdida, e que é na realidade o alter-ego da jovem, o seu Mr. Hyde. A filha da rainha das trevas deu uso a um encantamento, o mirrormask que lhe permitiu escapar para o mundo de Helena. Ambas trocam lugares e a pouco e pouco apercebemo-nos de que a rapariga se encontra enclausurada no próprio mundo ilustrado que criou e obtém vislumbres da outra Helena através de pequenas janelas. Para pôr fim à usurpação da princesa das trevas, a jovem terá que encontrar o encantamento Mirrormask.

Critica: Neil Gaiman e Dave McKean tornaram-se, desde os anos 80, uma das duplas mais influentes e criativas das HQs, alargando os limites do formato e apostando numa linguagem própria, experimental e facilmente identificável. Mirrormask, ao primeiro longa-metragem criada pela dupla (argumento de Gaiman, escrita por ambos e realizada por McKean) suscitava, por isso, alguma expectativa, pois se o filme fosse tão inventivo como os livros e as HQs seria um título a não perder. A temática recorrente nas graphics novels da dupla mantém-se – as interligações entre o real e o onírico, o crescimento, a inadaptação e a diferença -, assim como um estilo visual entre o gótico e o surrealista que facilmente se atribui a McKean. A dita critica especializada não perdoou. Falou-se de argumento anémico e vulgar, prejudicado por apostar numa narrativa esquemática e linear, sendo menos misterioso e absorvente do que se exigiria a algo gerado pela dupla Gaiman/McKean. A Jim Henson Productions, criadores dos Muppets, liberou um orçamento de quatro milhões de dólares. Segundo Gaiman, o estúdio percebeu que seus filmes Labirinto e Cristal Encantado, apesar de não serem grandes sucessos, vendem regularmente, ano após ano, e investiram em um projeto com as mesmas características.

Nenhum comentário: