terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Brasil, esconda sua cara...

O Brasil vive um problema seríssimo de violência. Até ai nenhuma novidade. Está nos programas sensacionalistas de tv como Cidade Alerta e Brasil Urgente. Os apresentadores estão ali como titeres, papagaiando sofismas, como bons funcionários lustrando com a língua a sola da bota dos patrões, temerários de tomar um pé no cu. Sabemos que essa violência em grande parte é gerada pelo trafico e a guerras às drogas, pela desigualdade social, pela ode ao consumismo, etc. E ainda assim, já tamanha as desgraças diárias que enfrentamos (uns muitos em situação de infortúnio pior do que a nossa) as pessoas querem fazer uma guerra da secessão (guerra civil)!!!! Com tanta coisa pra se exigir do governo, tantas melhorias a serem pensadas e a serem feitas. Ideias a serem discutidas. E vcs ai, odiando rancorosamente. Não bastasse esse sentimento pútrido, ainda querem argumentar, reforçar o preconceito e corroborar suas posições como se fossem seres iluminados de um discernimento etéreo. Vcs oligofrênicos, pressurosos em seus diagnósticos, tão preguiçosos na leitura do mundo, deveriam estudar sobre a guerra civil na Síria, Servia, Kosovo, entre outras. Vejamos alguns dados sobre o Brasil : "Calculando a média anual de homicídios do país em 30 anos, Julio Jacobo Waisefisz, pesquisador do Sangari, chegou ao número de 36,3 mil mortos no ano - o que, em números absolutos, é superior à média anual de conflitos como o da Chechênia (25 mil), entre 1994 e 1996, e da guerra civil de Angola (1975-2002), com 20,3 mil mortos ao ano." "O Brasil registrou em 2012 a maior quantidade de assassinatos, tanto em termos absolutos como relativos, desde 1980: Nada menos do que 56.337 pessoas foram mortas naquele ano, num acréscimo de 7,9% frente a 2011. A taxa de homicídios, que leva em conta o crescimento da população, também aumentou 7%, totalizando 29 vítimas fatais para cada 100 mil habitantes. É o que revela a mais nova versão do Mapa da Violência, que será lançada nas próximas semanas com dados que vão até 2012. O levantamento é baseado no Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, que tem como fonte os atestados de óbito emitidos em todo o país. O autor do mapa, o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, diz que o sistema do Ministério da Saúde foi criado em 1979 e que produz dados confiáveis desde 1980. As estatísticas referentes a homicídios em 2012, portanto, são recordes dentro da série histórica do SIM. — Nossas taxas são 50 a 100 vezes maiores do que a de países como o Japão. Isso marca o quanto ainda temos que percorrer para chegar a uma taxa minimamente civilizada — destaca o sociólogo." Ainda falta muito pra que sejamos MINIMAMENTE CIVILIZADOS. Amigos,eu disse minimamente. Pra ser no mínimo,no MÍNIMOOOOOOOOO decente já nos falta muito...e vcs ai vociferando ódio aos nordestinos. Eu,sinceramente na pele de vcs teria vergonha de mim mesmo. Pq vergonha alheia,essa eu já tenho.

E agora, quem poderá nos ajudar?

Desabafo classe media sofre: "Nesse ano aprendi que o grande mal do Brasil é a bolsa família. É o câncer da nossa sociedade justa e igualitária. Através disso as pessoas pobres deixam de trabalhar, tornam se vagabundas e eu fico sem empregada domestica. O filho dela frequenta a mesma faculdade em que eu me formei. O mesmo curso de direito, mas que absurdo, onde esta a meritocracia??? Andam de avião, comem picanha e tomam Heineken. Mas que disparate! E eu que financio esta farra. Compram carro, exigem direitos trabalhistas, tem acesso a habitação, a TV de plasma, a internet e a canais por assinatura??? Malditos comunistas. Trazem guerrilheiros disfarçados de médicos pra melhorar o SUS enquanto eu pago convênio. Meu Deus que disparate, quer misturar cachaça com Coca Cola. Heresia. Onde já se viu dizer que a criminalidade tem raízes na má distribuição de renda. Eu, perdulário/a que sou distribuo muito bem a minha verba pelos resorts do nordeste. Pelos restaurantes e danceterias de SP. Nas minhas viagens ao RJ e aos chalés no Sul do país. Imagina que nos acusam de síndrome de Caco Antíbes. Façam-me o favor, até gorjeta eu dou. Índios exigindo terras quando tive que pagar tão caro por uma casa no condomínio. Vcs tinham um país inteiro antes da chegada do Colombo e vcs não fizeram nada de útil com ela. Genteeeee!! Aprendam. Tudo que a gente conquista provém do esforço (dos outros, eu mesmo/a nem minha cama arrumo, que dirá então de lavar minhas roupas. Jamé). E não me venham com esse papo piegas de falta de amor ao próximo que a gente morre de amores ao próximo. Item de consumo. E é assim, um amor frenético. E esse papo do presidente Canjica do Uruguai. Ai gente, maconha? Serio isso? Gente por favor, toma rivotril. Não tem fumaça. Não faz mal nenhum e vc compra na F-A-R-M-A-C-I-A. Não vai financiar o tráfico. Daqui a pouco vai ter a Bolsa Maconha. Pq a Bolsa Crack já tem. Vcs tão sabendo né? Sem falar no disparate da bolsa bandido, ai Jesus esconjura. Remunerar o marginal que já tem inclusive moradia e comida paga por nós trabalhadores sofridos. Brasil ta parecendo Canguru, um filhote que vive na bolsa. Antes fosse a bolsa de valores, que delas, é a única que gera renda de verdade. E o Lobão continua sendo meu ídolo. Tão eloquente, tão sagaz, articulado, político. Cantando aquela canção linda que ele compôs. Pais e Filhos. “Vc diz que seus pais não entendem, mas vc não entende seus pais.” Tão lindo. Um must. A minha felicidade é saber que ainda exista gente tão inteligente e séria nesse país, comprometidos com a verdade. Danilo Gentilli, Sherazade, Datena. O povo esta indo pras ruas gritar contra esses comunistas imundos, essa escória que assola nossa pátria idolatrada. É por isso que ainda acredito nesse nosso país. Mesmo vivendo já oito anos em Miami. Muda Brasil!"

sábado, 20 de dezembro de 2014

O Apedeuta

Vejo em comentários internet afora pessoas achando o Bolsonaro, Gentilli (esse é o caso mais escroto,depois do Bolsonazi. Um cara que lança um livro com o título: Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola,fala serio né galera), Sherazade, Lobão entre outros imbecis o máximo. Cada um tem o ícone que merece. Aplaudem como focas adestradas,por exemplo, a redução da idade penal. Chamam feministas de feminazis. Não entendem o que são os direitos humanos. Clamam pela pena de morte. As vzs não se têm certeza de que século estamos a viver. Desembainhar a espada e montar seu cavalo. A idade das trevas parece não ter fim. Vcs deveriam ler mais. Muuuuito mais. Ouvir aqueles que concordam com vcs e aqueles que não concordam. Vcs sabem o que é alteridade? Pois bem,em Filosofia: Circunstância, condição ou característica que se desenvolve por relações de diferença, de contraste.Tem "indiota" que tira sarro de cientistas sociais, psicólogos, jornalistas, historiadores, etc. "Tudo comunista!" Vcs são apenas papagaios reproduzindo sofismas e comprovando a tese de que a educação no Brasil é falida, que gente com diploma de ensino superior (que sejamos modestos de superior não tem nada) sofre com a interpretação de textos. São os famigerados analfabetos funcionais. Mas eu arrisco q o analfabetismo de vcs vai ainda mais longe. Analfabeto emocional, político, social e oq mais se possam encaixar ai. Afinal de contas a ignorância reina nesse mundinho da piada meritocracia. Falta de conhecimento, preguiça inflexível para o pensamento critico (ate pq isso é sabotado nas escolas), procrastinação para o discernimento. Estudar? Pra que? Sejamos francos, muita gente que eu conheço se formou colando,graduou se à custa de trabalhos q deveriam ser feitos em grupo, mas que os outros fazem pq o SEU individualismo e o SEU “foda se” não lhe permite pensar no bem comum, foram o curso inteiro empurrando com a barriga (conquistada com cervejas em bares próximos a faculdade). Estavam atrás de um papel que os diferenciasse da maioria pobre, classificados como incultos, sem muita instrução (assim como vcs mesmos), que lhes garantisse certa superioridade que não existe. Não existe pessoa melhor que pessoa. Há ideias que possam ser melhores que outras.Empatia é uma palavra perdida no dicionário. Em desuso na vida que temos como sociedade. Para pratica la é preciso conviver. Necessita sair da sua bolha.Se uma pessoa é pobre a culpa será sempre dela, do ponto de vista cego dos apedeutas. Desisto de um diálogo coerente num lugar onde a concatenação é inexistente. Deixo a vcs o selo de qualidade de suas argumentações.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

As manhãs chuvosas

As manhãs chuvosas sempre foram minhas favoritas. São reminiscências de uma memória antiga, maltrapilha. São vestígios de uma idiossincrasia imersa num torpor de falta de sono, de uma apnéia no surrealismo de uma vida ébria. O murmúrio lúgubre nas goteiras, o dia vestindo sua roupagem cinza como de luto observasse as pessoas absortas, cada qual com suas preocupações, cada um com sua dor particular, em nada, como o individuo gosta e se faz acreditar, peculiar. Circulam indo e vindo como seres autômatos que são, presumindo se donos do próprio destino. Dirigem se para a monotonia do lugar comum, continuam o ciclo vicioso de suas vidas frívolas. Acordei com o tamborilar dos pingos na janela. Não tinha noção das horas. O tempo, essa abstração inexpugnável que a tudo assiste. Vê o caminhar do homem com seu orgulho altivo, este imaginando se criatura divina de uma humana comédia entre bestas feras. O tempo, letárgico sorri. Com seus dentes amarelos e pútridos, sedentos das horas dos homens como vampiros boquissescos, como o demônio sorrateiro espreita numa fresta. A tristeza me apetece. A felicidade veja bem, é uma invenção insidiosa. Posto dessa forma é possível se deleitar com a brevidade da vida e quiçá então, eu sobreviva ao meu destino. O despautério reside nessa busca incessante por um estado de espírito de alegria interminável. É possível que um estado de graça incomensurável lhe sugue a melancolia e lance o numa inércia absoluta? Isso ecoa como blasfêmia nos ouvidos alheios, preocupados como estão em sua minuciosa procura doentia por algo que não se conhece além de sua nomenclatura. Fazer do corpo uma cidade eternamente feliz. Compulsória como de certo é nos dias de hoje, o mantém num estado de entorpecimento, aprisiona lhe o espírito num casulo onde reina o cotidiano enfadonho. Tantos livros nas prateleiras das livrarias com inúmeros títulos diferentes tendo o único objetivo prático de lhe reservar um embuste. E os autores enchem o rabo de dinheiro. Feliz cidade. Quando eu era criança lembro-me de ter um cachorro. Meu pai, crescido nas lavouras do interior e aprendiz do meu avô em matéria de patriarcado, ambas as criaturas inveteradas no machismo não eram muito dados ao afeto, para nossa estranheza havia adotado aquele animal numa dessas lojas que vendem bichos como se fossem de pelúcia, mas vivos. Adotou porque o cachorro não possuía pedigree. Não é de boa raça, disse o funcionário estrábico, nosso vizinho. Caso contrário, poriam nele uma etiqueta com preço e falariam sobre seus descendentes e todos os prêmios e honrarias recebidas pela linhagem dos quais nenhum cachorro, baseando se no que sabemos do raciocínio de tal animal, se vangloria. Adônis. Deu se o nome logo se viu as fuças do filhote. Batizou a minha mãe, mulher altiva, de olhos azuis e cabelos cacheados a lhe cobrir os ombros, amante da filosofia e professora de história numa escola publica. Contrastes gritantes de caráter, meu pai e ela não poderiam ser mais antagônicos. Estranho desígnio a união desses dois. Uma mulher sem paciência, no entanto. Irritava-se com as minhas insistências de que o pobre animal vinha a ter conversas comigo. Confessional, o bicho dizia-me assuntos que eu nunca pensaria por mim mesmo. Que saberia eu daquelas coisas? Não, quem contou me foi o cão. Não o diabo. Pois esse também é nome que se dá ao demônio. Cão. Aliás, li certa vez que ele tem 117 alcunhas. Rabo de seta, Cramunhão, Coisa Ruim, Capiroto, Tinhoso, Tranca Rua e por ai vai. Nem nome nem existência. Tudo não passa de uma invenção humana. Bode expiatório de nossas atrocidades. Culpar o outro por aquilo que está em nós é apanágio da espécie humana. Na bíblia diz se que usavam dois bodes, um para o sacrifício outro o expiatório. Este ultimo era tocado na cabeça por um sacerdote, que confessava todos os pecados israelitas e assim os enviava pra o deserto. Para que tempos depois voltasse a se pecar novamente. E assim se sucede nos dias de hoje, todavia o animal já é outro. E existem aqueles que são mandados para o deserto da pobreza, da miséria, essa desgraça em que caíram porque nela foram jogados, e os que são sacrificados na prisão de seus empregos. Eu vivo a ambivalência da liberdade e da condenação. A de ter nascido demasiado humano.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Meu vizinho, o senhor Jargão

Todos os dias religiosamente às nove da manhã, senhor Jargão descia a Rua das Bromélias no seu passo coxo, arrastando o chinelo Havaianas de tiras fixadas por tachinhas, as pernas fatigantes de quem viveu demasiado em pé sob o sol escaldante da vida difícil na roça. Saudava roufenho as vizinhas mexeriqueiras que se encontravam matinalmente perante a casa de dona Alzira. Três senhoras septuagenárias portando a frente de seus corpos vassouras (como quem tem diante de si pedestais e microfones numa opereta da alcovitagem), ele sempre com um jargão enigmático aos ouvidos desatentos que dele, e quiçá da malandragem cotidiana nada compreendiam. Porém, no fim das contas tinham todos um significado intrínseco. -“Bom dia! Hoje a bruxa ta solta.” E seguia. Cambaleante. A montar a vida que via como quem monta um quebra cabeça. A entender e se relacionar com o mundo usando as peças que conhecia. Os jargões. Encarquilhado, os passos vagarosos de quem leva na coluna uma vírgula, entrava no bar do Benedito a bradar: - “Oooopa cabocro! Mas será o Benedito? – e ria de sua própria graça, antes rir da troça do que chorar a desgraça. -“ Vamu devagar com o andor, que o santo é de barro! Me da uma dose daquela’gua que passarinho num bebe!” Depois da terceira dose de água ardente, arrotando um sopro quente de estomago aziago, espremia seus olhos embotados, uma mistura tragicômica de senilidade viril e cachaça mineira lhe turvando as vistas. E rindo de si mesmo atabalhoado proferia: - “Essas véia tudo tem olhar de secar pimenteira. E te digo mais. Quem com porco se mistura farelo come!” Tirava do bolso da bermuda marrom andrajosa, sua preferida entre duas únicas peças que possuía, uma bolsinha de moedas feita de pano xadrez, presente modesto dado por uma amiga do bingo. - “A cavalo dado não se olham os dentes!” dizia ele de olhos fechados, entre pausas do seu refluxo gastroesofágico. Pagava o bom moço, adjetivo dado ao tal caboclo por conhecer lhe bem o caráter, e saia porta afora. Subia a escorar nos portões das casas, um sorriso sem dentes de quem já não liga o abandono da dentadura e quiçá festeja o abraçar da gengiva nua, cantarolando a canção do Adoniran Barbosa: “O Arnesto nos convidou pra um samba, ele mora no Brás, Nós fumos, não encontremos ninguém, Nós voltermos com uma baita de uma reiva, Da outra vez, nós num vai mais, Nós não semos tatu!” E entre um silêncio e outro no meio da letra, depois de uma introspecção fugaz, gargalhava e dizia: -“Pau que nasce torto nunca se endireita!” E ria que se mijava.

terça-feira, 5 de março de 2013

do começo do odio

Nós vivemos nessa frenesi, obcecados com uma perfeição onirica de existência urbanoide, tolos imersos num torpor que é a incessante busca por algo intangivel. Obviamente, como é tipico da raça e de nossa epopeia sobre o planeta (e que inclusive confirma se num livro famoso da nossa historia infame de odio) demos nome a isso. Sim, somos otimos em dar nomes, em criar sub grupos, em rotular e por etiquetas. Um nome constituido de dez letras mas com uma variedade de vulgos. Vulgo ha que se explanar, vem de classe popular; a plebe; o povo. A felicidade definitivamente não é vulgar. Carros,celulares,computadores, roupas, brinquedos,casas. Um acumulo desnecessário de coisas materiais, essa apregoada busca pela felicidade. Tudo se resume a substantivos. Que assim como a classificação gramatica nos diz, é primitivo, precede a razão, derivado da irracionalidade, simples desejo ignobil, composto da mais nova inutilidade do mercado. Eu particularmente prefiro os adjetivos. Arrivista,indolente,perdulário. Conheço uma infinidade de improperios disfarçados. Ah mas vocês presunçosos materialistas amam dar a si mesmos qualidades que não tem. Superlativo relativo de superioridade. Somos excelentes matematicos da exclusão. Aprendemos somar, multiplicar (a nosso favor) e subtrair (dos outros), conquanto a divisão ainda nos é um problema. Um problema matematico da equação social. Todos os dias pela manhã - e quando digo todos quantidade é um luxo que não possuo - ao acordar com o barulho infernal dos carros na avenida, deitada sob a marquise com o halito amargo de uma ressaca que ha muito tempo me abate, tinha o habito de me perguntar : como irei sobreviver mais um dia sem subserviência? Eu, mulher, subjugada no servilismo do trabalho domestico não remunerado, aviltada pelo legado da dependência , educada para a procriação ainda na infância em meio a bonecas de bebes e eletro domesticos de plastico, um simulacro da realidade porvir. Sempre atestei preferivel ser puta. Mas não. Meu corpo me pertence. Não é propriedade de meu pai, mesmo herdando seu sobrenome. Nem sera de um marido, ao me tornar usufruto num cerimonial lugubre de posse, menos esta a preço por venda de favores. Aprendi como os seres abjetos dos bueiros a viver da escória que a sociedade produz, a tirar proveito do que é descarte. A sociedade da reciclagem do lixo, não recicla suas próprias premissas. Temos muito em comum com as baratas. Teria sido essa a razão que levou Franz Kafka a escrever A metamorfose? Nós os excluidos, os zeros econômicos somos todos Gregor Samsa. E os algarismos outros, os mais do que zero nunca acima de um, que ainda não sofreram tal metamorfose tem um tremendo potencial pra acordarem atônitos. Estamos presente. Meio a arquitetura de ferro retorcido e concreto somos andrajo, visualmente deteriorando a imagem de cidade promissora. Dormimos embaixo de pontes, terrenos abandonados, habitamos a propriedade que nos é oferecida, a rua. Não invadimos residências ou restaurantes em busca de alimentos, nós pedimos (e muitas das vezes ganhamos, aqui eufemismo, restos de comida). Em 2010 eramos 13 mil. Oval e achatado?? Não creio, mas somos sim na maioria de cor escura.De estados ermos, esquecidos na concentração de piores cidades do Brasil. Li que o contato com as fezes de barata pode ocasionar reações alérgicas em algumas pessoas. E indubitavelmente, por certa analogia o simples contato visual conosco causa repulsa. Quanta verossimilhança com esse ser abjeto, vil, malquisto nas residências de asseio, tedio e apatia. Simios são nossos parentes, baratas são nossa alma gêmea.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Pensamentos pseudo filosoficos da geriatria alzheimeriana

"A modernização das terminologias. A obsolescência do nome frescura a substituiu pela nomenclatura fricote. Rejuvenescimento, é esse o jargão diarreico dos publicitários. E a pasta de dentes enfim quem diria virou creme dental. Prefiro antes a alcunha bruta de dentifrício. Eu preciso de higiene bucal, não de hidratante. Não massageio os ossos que me desvirginaram a gengiva. Eu tenho uma analogia pra isso, algo como lavar roupas com sabão em pó e não com amaciante (outra afrescalhada dos tempos modernos). Cremes estão restritos a duas categorias, a gastronomia e os hidratantes. Crème brûlée, Creme chantili, Creme de camarão. E ai eles me surgem com o creme dental. Essa porra é o que, sopa de caninos de animais batido no liquidificador???? Ein,seus cuzudos publicitários de merda??? Ou é hidratante pro meu dente ficar macio e eu quebrar essa bosta ao morder um bife??? Aaaaaaah então vcs não acreditam que eu tenho dentes?? Eles são embutidos, mas são meus, eu paguei por eles! Ei ei publiciOTARIO,pinga um colírio nesse seu olho do cu que ele tá piscando!" By Dona Zulmira