domingo, 19 de outubro de 2008

ideia emprestadas....

Achei um blog bem interessante dias atras, se chama O Pensador Selvagem.Foi de la que "roubei" esse texto do José Eustáquio Diniz Alves.
endereço do blog : http://opensadorselvagem.org/


Loura Burra ?

Chamar as mulheres louras de burras é uma manifestação de sexismo e que nada contribui para uma sociedade justa com maior igualdade de genero.

Existem inúmeras piadas sobre as louras burras. Mas será que as mulheres louras são realmente burras? Todas elas? Só uma parte delas? Ou será que este estigma não é apenas uma atualização requentada de antigos preconceitos contra as mulheres? Antigamente se desqualificava as mulheres em geral dizendo: “cabelos longos idéias curtas”. Hoje em dia, este chiste não faz mais sentido, primeiro porque cabelos compridos não são mais monopólio das mulheres e cabelos curtos não são monopólio dos homens, Segundo, porque a inteligência de muitas mulheres já é um fato demonstrado e inquestionável.
O gracejo agora é feito com as louras. No anedotário, as louras são burras e andam sempre atrás de jogadores de futebol. É o caso da Xuxa que teve sua carreira promovida depois do namoro com o maior jogador de futebol de todos os tempos – o Rei Pelé. Depois disto ela virou cantora, apresentadora de televisão e Rainha dos baixinhos. Com uma carreira artística bem sucedida ela partir para uma carreira solo como mãe. Procurou um parceiro para se engravidar e virou mãe da Sasha, que já nasceu uma estrela da mídia.
Antigamente muitas artistas e modelos (misses) largavam a profissão para seguir o destino socialmente traçado para todas as mulheres: ser esposas e mães. A Xuxa, entretanto, desafiou este modelo de casal nuclear monogâmico e heterossexual. Transformou o modelo e ator Luciano Schafir em algo como um “reprodutor” da sua filha Sasha. Para muitas pessoas, ela estava dando um mal exemplo para as adolescentes que têm filhos fora do casamento. Mas a Xuxa respondeu dizendo que ela tem condições de criar de forma independente a sua filha e não se importa em desafiar o modelo tradicional de família e o papel subordinado da mulher. Dá para falar que a Xuxa é burra?
Outra loura muito citada é a Carla Perez. Menina pobre e de baixa escolaridade de Salvador ficou famosa no país inteiro como dançarina e pela “qualidade” do seu tchan. Famosa, todos querem cobrar inteligência da garota recordista de vendas da Playboy. Mas será justo cobrar inteligência e cultura da Carla ao mesmo tempo que não se cobra inteligência do lutador Maguila? Por que ninguém diz “cara burro?” para o Maguila? Por que querem que além de dançarina ela seja inteligente e culta? Será que é necessário um diploma de PhD para ser modelo e dançarina?
A questão é: por que se faz esta cobrança apenas para as mulheres, em especial, as louras?
Na verdade, as mulheres são sempre reconhecidas e valorizadas pelo corpo e por sua sexualidade. Sempre se diz: como você é bonita. Ninguém diz que a qualidade primeira de um homem é ser bonito. Espera-se dos homens, mesmo os bonitos, que sejam inteligentes, ativos, dinâmicos. Para as mulheres espera-se que elas sejam bonitas, carinhosas, sensíveis, etc. As mulheres são reconhecidas e valorizadas pelos seus atributos naturais, enquanto os homens são valorizados pelos seus atributos culturais.
O sucesso econômico e a presença na mídia – ser famoso – torna as louras motivo de inveja dos homens. Os homens se sentem castrados diante do sucesso destas mulheres e, como inveja e revanche buscam desqualificá-las como burras, tentando convencer as outras mulheres que não vale a pena ser famosa e sozinha ou ser famosa e burra.
Como dizia Estanislau Ponte Preta, existe um festival de asneiras que assola o país. Precisamos combater a burrice nacional. Mas, evidentemente, esta burrice não é monopólio das louras. O estigma de “loura burra” só serve à causa da dominação masculina e representa uma grande discriminação contra todas as mulheres. E o pior, não ajuda a aumentar a inteligência dos homens.


Sobre o autor :

Possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG (1980), mestrado em Economia (1983), doutorado em Demografia pelo CEDEPLAR-UFMG (1994) e pós-doutorado pelo Nepo/Unicamp. Trabalhou na Secretaria do Trabalho de Minas Gerais entre 1984 e 1988, sendo coordenador estadual do SINE e foi professor da Universidade Federal de Ouro Preto de 1987 a 2002. Foi tesoureiro da Associação Brasileira de Estudos Populacionais (2005-2006) e atualmente é vice-presidente da ABEP (2007-2008). É pesquisador titular da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e coordenador da Pós-graduação da Escola Nacional de Ciências Estatísticas - ENCE/IBGE. Tem experiência na área de Economia e Demografia, atuando principalmente nos seguintes temas: gênero, fecundidade, direitos reprodutivos, demanda habitacional e população e desenvolvimento.Link do CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/2003298427606382

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