
Quando acordo estremeço. Se esvai a realidade translucida de um sonho
vivido de externas imagens sucessivas.O
mistério subjacente de um momento embutido nas horas.Assim fugaz, diminuto.Um jazigo de homens
inconsolaveis com seu remorso na forma de existirem.Estão todos presos.
Recubitos na sombra que pesa sobre eles.
Acendo minhas velas e em pensamento faço uma prece.Cercada por paredes finas que dividem vidas vazias.É
imprescindível pra mim que haja um alivio.Falsa cegueira
amiúde se abate sobre mim.
A
monótona inquietação de vestir-me de luto.Sobriedade da cor na palidez de um corpo esguio.Esgueira-se uma
náusea de nada saber.
Tão mais calmo longe de todas as desesperanças.Observo a
miríade de apartamentos a minha frente, nessa fauna
insólita que vive sob a fatalidade do tempo.
Uma turbulência antecipada de todos os prazeres.
Tenho em mim um grito sufocado pela
ausência de
lágrimas.
Ouço as batidas
rapidas da musica a ribombar pelos
cômodos,suas camadas sonoras na
superficie da voz lamuriante a criar em mim impulsos que se contradizem.
Antagonismo das sensações a correr na seiva que aos órgãos inunda.
Time is
running out for
usBut you just move
the hands upon the clockYou throw coins in the wishing wellFor
usYou just move
your hands upon the wallUm arder de alma numa tarde fria de
sábado.Angustia no
hálito de morte, vertigem
claustrofóbica de febre.Ah, essa catarse
pudica na insignificância que represento para o universo.
Me agarro
trêmula ao parapeito da janela.Sento-me ali de costas para toda a corja de figuras
lúgubres enclausuradas.Não
haverá acenar de uma despedida triste.
Penso no esforço quotidiano desse usar de mascaras.Quanto esforço na tentativa de me encaixar.
É preciso saber onde buscar
lagrimas.
It comes to
you begging you to stop
Wake upMinha
insonia sera apenas uma lembrança vaga desse desassossego que sempre me doeu.
But you just move
your hands upon the clockThrow coins in the wishing wellFor
usSinto algo em mim a convulsionar,uma
irrespirável sensação que me entranha.
Êxtase num gesto que nada tem de obsceno.O fardo desejo
inverossimil de ser outro, essa imagem oculta na ilusão de liberdade.Um sussurrar que invade meu
domínio.Deito-me na queda a sentir um efluvio irascivel de flores.Realidade surda de uma serenidade tardia.
A vida lentamente substitui-se, o olhar
estupefato num céu pardacento.Gosto ferruginoso a me engolfar nos labios.Uma ultima respiração entrecortada.
Multidão que se aglomera frenetica com sua curiosidade mórbida pelo fatidico.
No apartamento distante a voz sublime ecoa :
You make believe that you are
still in charge