segunda-feira, 6 de abril de 2009

To find a queen without a king


O ponto é o final do dito. Ponto. Restou-me o silêncio que amarga as entranhas. Esperei a voz suave que me encantava com sua melodia inaudita. Libertava-me das sensações frivolas de um cotidiano caustico. Esperei horas. Esperei dias, meses e anos. Mas a voz calou-se depois do ponto. Pra sufocar na ternura angelical de si mesma.
Morreu entre o dito e o não dito.
Sentei na orla da praia a observar o quebrar de ondas. Concentrei-me em deixar os pensamentos numa dança desvairada. Brisa suave no rosto escanhoado. Atenção concentrada torna-se a prisão das ideias livres. Fecho os olhos e respiro profunda e pausadamente.
Sorriso timido a desabrochar no cheiro vago de uma lembrança.
Tudo o que resta do amor que um dia houve repousa sobre a escrivaninha. Uma turva foto sua em preto e branco.

"Spent my days with a woman unkind,
Smoked my stuff and drank all my wine.
Made up my mind to make a new start,
Going To California with an aching in my heart.
Someone told me there's a girl out there
with love in her eyes and flowers in her hair.
Took my chances on a big jet plane,
never let them tell you that they're all the same.
The sea was red and the sky was grey,
wondered how tomorrow could ever follow today.
The mountains and the canyons started to tremble and shake
as the children of the sun began to awake..."

(Led Zepellin - going to California)